01-07-1850 HMS CORMORANT X FORTALEZA DE PARANAGUA OU HISTORICAMENTE O "CASO CORMORANT"
FORTALEZA DE NOSSA SENHORA DOS PRAZERES DE PARANAGUÁ - PR
PRIMEIRA BATERIA DE CANHÕES DA FORTALEZA -
COM EXCEÇÃO DO QUARTO CANHÃO, OS DEMAIS SÃO
TODOS DO SÉCULO XIX
DESENHO RETRATANDO O HMS CORMORANT
Jornal Dezenove de Novembro de Curitiba em 01-07-1900 comentando
o aniversário de 50 anos do
fato ocorrido.
Placa Comemorativa de 100 anos do
Confronto, está na fortaleza logo na
entrada, ao lado esquerdo.
Em 1850, episódio
relacionado à supressão do tráfico de escravos quase degenerou em séria questão
diplomática entre o Brasil e a Inglaterra: um cruzador inglês, o HMS Cormorant
adentrou a Baía de Paranaguá e apresou os brigues Sereia e Dona Anna, e a
galera Campeadora, tidos, todos, como navios negreiros. Depois das formalidades
exigidas pelo comandante inglês Herbert Schomberg, o cruzador, arrastando atrás
de si os barcos apressados, tomou o rumo da barra, sendo, então, interceptado por
salvas que partiam da fortaleza e que o danificaram bastante, deixando-o à
deriva.
Essa embarcação a
vapor da marinha de guerra inglesa, que invadindo nossas águas territoriais e
violando o direito de soberania brasileiro, aprisionara três navios brasileiros
naquele porto, sob a acusação de tráfico negreiro (1º de julho de 1850). O
Cormorant, baseado no Rio da Prata, desempenhava missão de repressão ao tráfico
negreiro no litoral atlântico do continente americano, sob o comando do Capitão
Herbert Schomberg. Sendo esta a primeira vez que uma fortificação
brasileira atacou uma embarcação inglesa.
Na ocasião, a
fortaleza era comandada pelo capitão Joaquim Ferreira Barbosa, posteriormente
destituído do posto e submetido a Conselho de Guerra. A ação, entretanto, fora
por ele desautorizada, mas levada a termo por exaltado grupo de parnaguaras que
desejava revidar à descabida intromissão estrangeira em assuntos
nacionais.
O
CONFRONTO
Ao aparecer o
Cormorant rumo à barra na manhã de segunda-feira dia 1º de julho de 1850 e
trazendo consigo as três naus brasileiras, o comandante da fortaleza fez seguir
ao seu encontro um escaler, cuja finalidade era a de entregar um ofício ao
capitão inglês. Os ternos deste ofício faziam menção de que o cruzador de
guerra deveria seguir viagem sem os navios apreendidos, deixando este em poder
das autoridades locais e na desobediência deste ofício a fortaleza faria fogo
ao vapor da Royal Navy.
O próprio
comandente da fortaleza da Ilha do Mel assinara o documento. O ofício nunca foi
entregue, pois o escaler, com o sargento da Guarda Nacional Tomaz José de
Oliveira, foi repelido com tiro de pólvora seca pelo Cormorant. Ao mesmo tempo
do disparo ao escaler a fortaleza revidou com um tiro e novamente o Cormorant
fez fogo, agora para a ilha, sendo alvejada por várias bombas de calibre 80 e
balas 36.
A guarnição da Ilha do
Mel fez novos disparos, agora com todas as peças da fortaleza e nos 30 minutos
que se seguiram houve o confronto entre a artilharia brasileira na fortaleza e
os seis canhões do cruzador HMS Cormorant.
A batalha só terminou
quando os canhões da fortaleza da barra já não tinham eficácia no alcance ao
cruzador inglês. O HMS Cormorant teve danos consideráveis e duas baixas, uma
fatal e outro na enfermaria durante toda a viagem rumo a Africa.
No combate o Cormorant
ficou limitado em suas manobras decorrente ao reboque das naus brasileiras. No
lado brasileiro os danos foram mínimos fisicamente e apenas feridos leves. Para
o reparo no Cormorant o capitão Hubert levou o cruzador na enseada das conchas
e concentrou-se na popa e na pá de bombordo, locais com sérias avarias.
Demais danos seriam
reparados em terra firme. Neste mesmo local o capitão Schumberg incendiou as
brigues Donna Ana e o Sereia e montou tripulação para a galera Campeadora que
tomou rumo ao norte, acompanhando o cruzador até a Africa, mais precisamente,
em Serra Leoa.
Os atos ocorridos na
baia de Paranaguá acirraram os ânimos britânicos que exigiram uma reparação
formal do governo brasileiro. Dois meses após o Incidente de Paranaguá foi
aprovado à lei Eusébio de Queiros que extinguia o tráfico negreiro no Brasil e
a Marinha Brasileira acompanharia a Royal Navy no patrulhamento da costa
brasileiras, porém, na prática o tráfico continuou por longos anos até a sua
extinção total.
Fontes:
(IPHAN 10SR/PR, 2004) (cinco cf. SOUZA, 1885:120)
MARTINS, Romário.
Histórias do Paraná. Curitiba: Travessa dos Editores, 1995, p. 289.
RIBEIRO,
Egberto. "A Escuna Astro". Curitiba: 2009, 180 pgs. Publicado pelo
autor em pdf. ISBN 978-85-906811-2-0
Jornal do
Commércio - junho 1850 - Acervo de Microfilmagem da Biblioteca Pública do
Paraná.
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