domingo, 10 de julho de 2016

REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA (1932)




Antes de falar sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, é preciso voltar alguns anos na história para buscar os embriões deste que foi um dos maiores movimentos armados da história do Brasil. Durante a República Velha (1889-1930), formou-se uma aliança entre os estados mais ricos e influentes do país na época, São Paulo e Minas Gerais, cujos representantes alternavam-se no posto da presidência da república naquilo que ficou conhecido como a "política do café com leite". Em 1930, porém, o presidente Washington Luís, representante dos paulistas, rompe a aliança com os mineiros e indica o governador de São Paulo Júlio Prestes como seu sucessor, que venceu as eleições. As oligarquias mineiras não aceitam o resultado e, por meio de um golpe de estado articulado com os estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba, colocam Getúlio Vargas no poder. 

"Getúlio vem com uma nova proposta de modernização do país. O grupo que chega ao poder pretende promover essas mudanças de maneira autoritária, sem consultas eleitorais", conta Alexandre Hecker, professor de História Contemporânea da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Mackenzie. O novo presidente fecha o Congresso Nacional, anula a Constituição de 1891 e depõe governadores de diversos estados, passando a nomear interventores. As medidas desagradam profundamente as elites paulistas tradicionais. "Esses grupos, que eram ligados ao Partido Republicano Paulista (PRP) e haviam sido derrotados pela revolução de 1930, passam a trabalhar em oposição ao governo de Getúlio", diz Alexandre. Já, a partir de 1931, se junta a essa elite deposta um "grupo mais moderno", que exige do governo a criação de uma carta magna que regesse a legislação do país - algo que Vargas vinha adiando cada vez mais - além de eleições gerais para presidente da república.

Ao mesmo tempo em que se formava esse grupo opositor, fortaleciam-se, em São Paulo, os chamados tenentistas, constituídos não apenas por militares, mas também de civis que agiam sob sua liderança. "Eles se reuniam no Clube Três de Outubro e apoiavam as ações do governo", explica o professor. "Havia diversas brigas de rua entre os estudantes do Largo São Francisco e esse grupo getulista, os tenentistas". No dia 23 de maio, essas forças se encontraram e se defrontaram nas ruas de São Paulo, o que resultou na morte de alguns estudantes em praça pública, que ficaram famosos como MMDC (sigla das iniciais dos quatro jovens mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Mais tarde, adicionou-se a letra A, de Alvarenga, ao final da sigla, de outro jovem que acabou morto por causa do conflito).

Essas mortes foram o estopim que deu início no dia 9 de julho de 1932 à Revolução Constitucionalista. Com a ajuda dos meios de comunicação em massa, o movimento ganha apoio popular e mobiliza 35 mil homens pelo lado dos paulistas, contra 100 mil soldados do governo Vargas. "Havia uma possibilidade de que outros estados viessem em apoio ao governo do estado de São Paulo, mas ele ficou isolado e, com isso, se desenvolveu uma série de batalhas", destaca Alexandre. Foram quase três meses de batalhas sangrentas, encerradas em 2 de outubro daquele mesmo ano, com a derrota militar dos constitucionalistas. "Moralmente, porém, em termos de denúncia política, o movimento foi vencedor, porque logo depois do término do conflito, o governo federal convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição do Brasil em 1934. Foi também quando, pela primeira vez no país, as mulheres participaram do processo eleitoral", ressalta o historiador.

O termo "revolução" para o movimento constitucionalista não é muito adequado àquilo que se propunha fazer, segundo o professor. "Não era uma revolução. Na verdade, desejava-se a normatização da legislação e do processo eleitoral, e não uma mudança no sentido de alteração das relações de poder ou qualquer coisa que significasse uma limitação no processo de desenvolvimento capitalista", afirma. Ele diz que, para alguns historiadores, o movimento é considerado até conservador e anti-revolucionário. "Era uma elite derrotada que queria voltar ao poder e encontraram nesse movimento uma desculpa para isso".

Texto do site:
novaescola.org.br/historia/fundamentos/foi-revolucao-constitucionalista-1932-482251.shtml

REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA (1932)




Antes de falar sobre a Revolução Constitucionalista de 1932, é preciso voltar alguns anos na história para buscar os embriões deste que foi um dos maiores movimentos armados da história do Brasil. Durante a República Velha (1889-1930), formou-se uma aliança entre os estados mais ricos e influentes do país na época, São Paulo e Minas Gerais, cujos representantes alternavam-se no posto da presidência da república naquilo que ficou conhecido como a "política do café com leite". Em 1930, porém, o presidente Washington Luís, representante dos paulistas, rompe a aliança com os mineiros e indica o governador de São Paulo Júlio Prestes como seu sucessor, que venceu as eleições. As oligarquias mineiras não aceitam o resultado e, por meio de um golpe de estado articulado com os estados do Rio Grande do Sul e da Paraíba, colocam Getúlio Vargas no poder. 

"Getúlio vem com uma nova proposta de modernização do país. O grupo que chega ao poder pretende promover essas mudanças de maneira autoritária, sem consultas eleitorais", conta Alexandre Hecker, professor de História Contemporânea da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e da Universidade Mackenzie. O novo presidente fecha o Congresso Nacional, anula a Constituição de 1891 e depõe governadores de diversos estados, passando a nomear interventores. As medidas desagradam profundamente as elites paulistas tradicionais. "Esses grupos, que eram ligados ao Partido Republicano Paulista (PRP) e haviam sido derrotados pela revolução de 1930, passam a trabalhar em oposição ao governo de Getúlio", diz Alexandre. Já, a partir de 1931, se junta a essa elite deposta um "grupo mais moderno", que exige do governo a criação de uma carta magna que regesse a legislação do país - algo que Vargas vinha adiando cada vez mais - além de eleições gerais para presidente da república.

Ao mesmo tempo em que se formava esse grupo opositor, fortaleciam-se, em São Paulo, os chamados tenentistas, constituídos não apenas por militares, mas também de civis que agiam sob sua liderança. "Eles se reuniam no Clube Três de Outubro e apoiavam as ações do governo", explica o professor. "Havia diversas brigas de rua entre os estudantes do Largo São Francisco e esse grupo getulista, os tenentistas". No dia 23 de maio, essas forças se encontraram e se defrontaram nas ruas de São Paulo, o que resultou na morte de alguns estudantes em praça pública, que ficaram famosos como MMDC (sigla das iniciais dos quatro jovens mortos: Martins, Miragaia, Dráusio e Camargo. Mais tarde, adicionou-se a letra A, de Alvarenga, ao final da sigla, de outro jovem que acabou morto por causa do conflito).

Essas mortes foram o estopim que deu início no dia 9 de julho de 1932 à Revolução Constitucionalista. Com a ajuda dos meios de comunicação em massa, o movimento ganha apoio popular e mobiliza 35 mil homens pelo lado dos paulistas, contra 100 mil soldados do governo Vargas. "Havia uma possibilidade de que outros estados viessem em apoio ao governo do estado de São Paulo, mas ele ficou isolado e, com isso, se desenvolveu uma série de batalhas", destaca Alexandre. Foram quase três meses de batalhas sangrentas, encerradas em 2 de outubro daquele mesmo ano, com a derrota militar dos constitucionalistas. "Moralmente, porém, em termos de denúncia política, o movimento foi vencedor, porque logo depois do término do conflito, o governo federal convocou eleições para uma Assembleia Constituinte, que promulgou a Constituição do Brasil em 1934. Foi também quando, pela primeira vez no país, as mulheres participaram do processo eleitoral", ressalta o historiador.

O termo "revolução" para o movimento constitucionalista não é muito adequado àquilo que se propunha fazer, segundo o professor. "Não era uma revolução. Na verdade, desejava-se a normatização da legislação e do processo eleitoral, e não uma mudança no sentido de alteração das relações de poder ou qualquer coisa que significasse uma limitação no processo de desenvolvimento capitalista", afirma. Ele diz que, para alguns historiadores, o movimento é considerado até conservador e anti-revolucionário. "Era uma elite derrotada que queria voltar ao poder e encontraram nesse movimento uma desculpa para isso".

Texto do site:
novaescola.org.br/historia/fundamentos/foi-revolucao-constitucionalista-1932-482251.shtml

quarta-feira, 6 de julho de 2016

A CABANAGEM (1835 - 1840)





A QUEDA DE BELÉM


Em uma madrugada 07 de janeiro de 1835 tem início um dos momentos mais cruciais da história da Amazônia. Antônio vinagre, comandando uma tropa de desclassificados, entra em Belém e toma quase sem resistência o quartel dos corpos de caçadores e artilharia. Alguns oficiais são mortos a tiros. Enquanto outra tropa sob o comando do crioulo Patriota invade o palácio do governo, derrota a guarda e saem à procura do governador lobo de Souza. O governador não estava no palácio, dormira na casa de sua amante e foi encontrada na manhã seguinte quando se dirigia ao palácio e foi executado por João Miguel Aranha, sem a menor chance de defesa. Seu cadáver ficou largado na sarjeta até o final do dia, sendo depois sepultado em cova rasa em uma capela de nome ”Senhor Jesus dos Passos.” o cônsul dos Estados Unidos, Charles Jenks Smith contou que cerca de 15 prisioneiros foram soltos e seguiram para uma região da cidade chamada Porto do Sol onde começaram a matar cidadãos portugueses a esmo, dessa forma cerca de 20 comerciantes foram mortos pelos ex-prisioneiros. Com a rendição das guarnições da cidade os revoltosos tomaram a capital do Pará e Rio Negro e puseram no poder um homem chamado Malcher, sendo aclamado como presidente da província por um juiz e vários correligionários. Malcher coloca no poder homens de sua confiança, Francisco Vinagre foi empossado como comandante das armas.  Malcher, no entanto era um homem de pouca instrução, rancoroso e tão autoritário quanto o ex- presidente morto.
Com pouco tempo no poder ele entra em conflito com Vinagre e ordena sua prisão, sabendo disso Vinagre marcha contra o palácio do governo e recomeçam os combates de rua, o presidente Malcher ordena que vasos de guerra bombardeiem Belém, mas acaba por perder seu poder e Francisco Vinagre assume como presidente. Francisco Vinagre fica pouco tempo no poder, tendo que passá-lo ao emissário da regência o marechal Manuel Jorge Rodrigues que chega à cidade com o apoio de navios de guerra britânicos e franceses. Em agosto do mesmo ano, o marechal Rodrigues está sem forças militares para manter a ordem prender Vinagre e seus simpatizantes da causa, conseguindo capturar apenas 200 cabanos, Vinagre que estava escondido na costa ocidental da ilha do Marajó onde juntava homens, quase todos eram lavradores, mestiços e índios, esses homens usavam roupas de cores variadas e para deixar com aparência de uniforme, pintavam sua roupa com tintura vegetal de uma planta chamada Muruxi, o que dava uma cor avermelhada ao tecido.  No ano de 1835, um jovem chamado Eduardo Francisco Nogueira (Alcunha de Angelim), comandou uma tropa de sertanejos em direção a Belém e iniciou um ataque que durou uma semana, sob seu comando havia 3000 homens, Antonio Vinagre participou do ataque, mas acabou morrendo logo, no auge da luta os revoltosos são surpresos por um bombardeio da marinha brasileira em sua direção, sem, no entanto deter o avanço das tropas rebeldes, e no dia 23 de agosto a cidade está nas mãos dos cabanos e Eduardo Francisco Nogueira foi aclamado presidente.  Angelim era muito popular entre a população, era intelectual e de vivacidade contagiante, todos concordavam que seria alguém na vida, em qualquer sociedade em que vivesse. De espírito empreendedor o levara a tentar a fortuna no comercio, mas logo desistiu ante o monopólio português, vendeu tudo o que tinha e investiu em uma roça, em terra arrendada a Malcher, onde plantou com auxilio de lavradores contratados, tudo indicava que seria um rico empresário agrícola, mas envolvesse em lutas políticas que dilaceravam a província.  O derrotado marechal Rodrigues na mesma época é enviado junto com mais nove mil homens brancos a ilha de Tatuoca na baía de Santo Antonio, com a ajuda da marinha brasileira.

A CABANAGEM SE ESPALHA PELA AMAZÔNIA
 
Em breve uma tropa de mais de mil e oitocentos homens segue para leva a revolução ao Alto Amazonas sob o comando de Apolinário Maparajuba, que também assinava como Pureza Firmeza, era um homem da terra, sabia se comunicar com os cabanos.
Sabia se comunicar com aquela gente da terra, que juntos entraram em Manaus (Barra), sem resistência, em 6 de março de 1836 a revolução dos cabanos era fato irreversível.
Pelas margens dos grandes rios, subindo o Negro, pelas praias de Maués no Autanazes, até o Içana, levantes armados de características desesperadas e messiânicas iam levando de roldão os prepostos o continuísmo colonial. A Cabanagem era uma guerra de libertação nacional, talvez a maior que o Brasil já conheceu. Segundo o coronel Gustavo Moraes Rego, em seu clássico estudo sobre os aspectos militares da Cabanagem, o movimento se distinguia pela “efetiva e dominante participação das massas: a ascensão de líderes dos mais baixos estratos da sociedade; a violência sem freios e a escalada que a insurreição conseguiu, tomando o poder e mantendo-o por tempo considerável”. Mas os cabanos jamais apresentaram um projeto político, um modelo de sociedade ou um programa de reformas sociais. Embora agissem com extrema violência e seus líderes proclamassem violentos discursos contra os ricos e os portugueses, em nenhum momento os cabanos trataram de abolir a escravidão, ou se mostraram tentados a separar a Amazônia do resto do Império do Brasil.

A REAÇÃO DO REGIME DO RIO DE JANEIRO

Em abri de 1836, uma frota conduzindo 2500 homens bem armados e municiados, sob o comando de Francisco d` Andrea, desembarcou em Belém, dando início a pacificação. Angelim escapa, abandonando a cidade. Ambrósio Aires, homem de origem obscura, militar de grande competência que já havia resistido aos cabanos entrincheirado na vila de Baraboá, no médio Negro, agora torna-se o grande caçador de rebeldes, retomando Manaus no final de 1836, além de desenvolver ações punitivas nos rios Negros, Autaluzes, Tapajós e Maués. Os cabanos vão resistir por dois longos anos, acossados pelas diligentes investidas dos “legalistas”. Ambrósio Aires, agora que a petulância popular ia sendo retaliada, esmera-se  na repressão, executando prisioneiros, arrasando povoados e tratando com brutalidade os índios. Os Maués e os Muras sofreram terrivelmente em suas mãos. Um político amazonense contemporâneo da Cabanagem escreveu que Ambrósio Aires e seu companheiro Manuel Taqueirinha “ praticaram impunemente, em nome da legalidade, os maios bárbaros, desumanos e canibalísticos crimes para mera satisfação de seus instintos bestiais”. Os seus desmando, no entanto, encontraram fim nas mãos dos próprios cabanos. Quando Ambrósio Aires tentava desalojar um grupo de revolucionários de uma ilha de no baixo Madeira, foi morto numa escaramuça com os índios Muras e seu corpo desapareceu na correnteza do rio.
A repressão levou três anos para acabar com todos os focos de rebelião. Soares D Andrea, reorganizava o exército do Grão-Pará, incorporando muitos jovens de boa família e de boa educação, atraindo-os com soldos não exatamente altos, mas seguros numa terra de economia devastada pela guerra. A fim de retomar o processo produtivo, foi decretado que todo homem de cor que for visto em qualquer distrito sem um motivo conhecido dever ser preso imediatamente e enviado ao governo para dele dispor, a não ser que seja culpado de algum crime. Qualquer indivíduo de qualquer distrito que não seja regularmente empregado em trabalho útil será mandado ás fábricas do estado ou alugado para quem dele necessitar.  Em 1839, toma posse Bernardo de Souza Franco. Reconhecendo que seu antecessor, o submeter às gentes do Pará, não logrou o mesmo no Amazonas, decide que “difícil será concluir a guerra sem o emprego concorrente dos meios brandos e conciliatórios, atento á vastidão dos terrenos que tem de ser explorados”.  Numa das petições ao governo imperial, solicita que seja votada sem demora uma anistia aos cabanos. Finalmente, em novembro de 1839, a Regência outorgou uma anistia a todos os participantes do movimento.

LIÇÕES DE UM BANHO DE SANGUE
A Cabanagem e sua repressão custaram à vida de mais de trinta mil pessoas, um quinto da população da região. Mas o que significaram para a Amazônia tantos sacrifícios, tanto sangue derramado, tanta teimosia e arrogância dos lideres políticos do Rio de Janeiro?. Por certo um fenômeno como a Cabanagem não se enquadra facilmente em qualquer modelo teórico. Para os que a entenderam como revolta racial, a Cabanagem em nenhum momento resvalou para a guerra racial. Na questão cultural, a Cabanagem respondeu com as questões da aculturação portuguesa e a ansiedade popular por uma nova identidade. Os grandes lideres da revolta foram menos que ideólogos da causa. Não houve um levante desesperado de camponeses como na França. A tragédia da Cabanagem e o seu esmagamento por uma força de ocupação vinda de fora, explica a suposta passividade política regional dos dias atuais. Mas não ficou só nisso, o silencio imposto pela desilusão e pela repressão matou no nascedouro a cultura solidária, que era meio portuguesa e meio indígena, que era a civilização caboca, e permitiu o surgimento de uma cultura pragmática e alienada sobre o qual os políticos formaram suas bases e se elegem. A Cabanagem contribuiu para o despovoamento demográfico eleitoral da Amazônia.  Depois de todos esses fatos, a população encontrou um meio de resistir as elites regionais. Esse estilo, que é uma demonstração de superioridade cultural pode ser chamado de Leseira.  Leso no dicionário é encontrado como, lento, molenga, preguiçoso. O que é leseira? , como identificar tal estilo de resistência. Os nativos amazônicos quando se olham no espelho, vêem lá no fundo que não foram feitos para obedecer leis, principalmente econômicas. Por isso a Leseira pode ser uma forma aguda de esnobismo ou uma ironia. Ela é às vezes pacífica, outras vezes ostensiva, mas nunca rápida demais a ponto de ferir o ritmo de banzeiro, que é o ritmo regional. Descarte errou ao dizer que o senso comum era a coisa mais bem distribuída do mundo. Na Amazônia, pode ser credulidade. Ou o cultivo de uma enganosa ingenuidade que parece inabalável em sua parte de desarmar a lógica formal. Talvez seja porque a Leseira seja uma forma de credulidade absoluta. Como forma de resistência, a Leseira leva em consideração a termodinâmica das grandes contingências política, ou a distancia aristocrática com que as comerciárias das lojas da Zona Franca de Manaus tratam os turista apressados do Sul. Sim porque a Leseira é uma prática existencial poderosa e foi à arma que se mostrou eficaz para impedir que muitos projetos da ditadura militar fossem implantados totalmente – que vai livrar a região de tanta solidariedade não solicitada, pois há uma exata medida de Leseira em todos os escalões, em todas as classes sociais, em todas as almas.