Entre os anos de 1400 e 1440, Gilles de Laval — senhor de Rais — não
dera sinais de sua natureza sádica, a mesma que um dia assombraria e
faria parte do imaginário europeu em uma das maiores lendas já criadas: o
homem do saco. A história de Gilles de Laval é controversa, tornando
difícil o real conhecimento dos fatos e profundo conhecimento do próprio
personagem histórico. Segundo uma das
versões, naqueles anos ainda insuspeitos, o senhor de Rais era conhecido
como um nobre de natureza piedosa, um devoto religioso e por sua grande
caridade para com os pobres. Após a perda de sua amiga e companheira de
batalha, Joana D’Arc, o nobre gastou sua fortuna, ficando quase sem
recursos. Decidido em resolver seus problemas financeiros através da
bruxaria e magia negra, o nobre consultou uma mulher que se dizia
feiticeira. Para recuperar os bens perdidos, a mulher aconselhou Gilles a
sacrificar crianças em nome de um demônio chamado Barron. Em 1440,
então, os sintomas de depravação de Laval começaram a ficar cada vez
mais em evidência, visto que crianças iam até seu castelo Tiffauges,
próximo a Nantes, para pedir esmola e jamais voltavam para casa. Outras
histórias macabras de orgias sexuais, torturas, sodomia, ocultismo e
magia negra no castelo Tiffauges também começaram a ser espalhadas pela
Europa. Devido a esses e outros rumores, o Bispo de Nantes, Jean de
Malestroit, decidiu investigar as ações de Gilles de Rais. Ao descobrir
fatos horripilantes sobre as práticas sádicas que aconteciam no castelo,
em setembro de 1440 Jean de Malestroit denunciou o nobre. Quarenta
corpos foram supostamente descobertos em uma de suas residências em
Machecoul. Em seu julgamento, Gilles confessou suas atrocidades, entre
as quais estava a prática do satanismo, heresia, sodomia, abjuração,
sacrilégio, sequestro, tortura e, por fim, assassinato e mutilação de
mais de 200 crianças. Certas partes de sua confissão se mostraram tão
macabras que foram removidas dos registros do processo; contudo, muitas
ficaram documentadas para a História. Finalmente em outubro de 1440,
Gilles de Laval é enforcado e seu corpo queimado. Apesar de a história
ter sido produzida ao longo dos anos e a partir de inúmeras lendas e
costumes da época, o homem do saco é costumeiramente relacionado a
Gilles de Laval. Seus crimes foram tão chocantes que ele acabou se
tornando, à época, símbolo universal do mal e logo virou lenda, sendo
invocado como “o homem do saco” para assustar crianças desobedientes que
queriam ficar nas ruas. Outras histórias também foram baseadas em seus
crimes, por exemplo, “O Barba Azul” de Charles Perrault em “Histórias ou
Contos de Tempos Passados” (1697). “O Barba Azul” era um rico nobre que
matou sete de suas esposas, pendurando seus corpos pelas paredes de um
cômodo do castelo. Até hoje Gilles de Laval, o senhor de Rais, é
destaque entre os assassinos em série mais macabros e violentos, sendo
considerado um dos responsáveis pela ideia moderna dos assassinos em
séries, segundo historiadores.
Texto do site:
http:// www.museudeimagens.com.br/ gilles-de-laval-homem-do-sa co/
Imagem: museudeimagens.com.br
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