No século IV, um
concílio na cidade de Toledo descreveu minuciosamente o Diabo como um ser
composto por chifres, pele preta ou avermelhada, com rabo e portador de um
tridente. A partir de então, os relatos sobre experiências demoníacas ganhavam
força em uma nova leva de narrativas.
Assim, a figura do
demônio assumia formas e logo seria portador de uma gênese individualizada. Em
1215, o Concílio de Latrão determinou que o Diabo e os demônios eram criaturas
criadas por Deus que, por conta de suas opções particulares, preferiram se
desviar da autoridade divina. Nesse contexto, ao mesmo tempo em que o inimigo
se tornava claramente reconhecido, outras histórias falavam sobre pessoas que
se entregavam ao temível lado da obscuridão.
De acordo com
pesquisas mais recentes, a disseminação dos cultos aos demônios surgem
justamente no efervescente século XIV. Em alguns países da Europa, a ordem dos
Luciferinos pregava a ideia de que o escolhido de Deus era Lúcifer, por esse
ter sido primordialmente designado como “o anjo de luz”. Na Itália, uma seita
conhecida como “La Vecchia Religione” (A velha religião) organizava missas onde
o pão consagrado era oferecido para os ratos e porcos.
Na Idade Moderna,
o demônio era o maior acusado de conduzir as pessoas a praticar os atos
heréticos combatidos pela Santa Inquisição. Manuais de exorcismo detalhavam
ricamente as manifestações e formas de se expulsar o capeta. Em vários casos,
reforçando o ideal de fragilidade da condição feminina, as freiras apareciam em
público tomadas por demônios, pronunciando várias ofensas contra Deus e os
homens santificados pela Igreja.
Após o Iluminismo,
vemos que a preocupação com o demônio ganha uma ênfase menor mediante a
disseminação das explicações científicas, principalmente no campo médico. No
final do século XIX, a literatura romântica passou a incorporá-lo como um ser
que representa a capacidade de o homem raciocinar livremente. Um dos mais
conhecidos exemplos dessa outra significação aparece na obra “O Fausto”,
escrito pelo alemão Johann Wolfgang Von Goethe.
No século passado,
a relação entre o demônio e o poder de constar padrões acabou sendo
sistematicamente explorado na criação de boatos sobre artistas e celeridades do
campo musical. Em meio à explosão dos meios de comunicação, a demonização de
certos conjuntos musicais e artistas se transformaram em um caminho certo para
a fama, seja ela positiva ou negativa. Afinal de contas, nada é mais avesso ao
diabo que a própria banalização.
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